"Você não glorificou o Deus em cujas mãos está a sua vida e todo o seu caminho. Por isso, Deus mandou essa mão escrever isso. Eis o que está escrito: ‘Contado, pesado, dividido’. A explicação é a seguinte: ‘Contado’: Deus contou os dias do seu reinado e já marcou o limite. ‘Pesado’: Deus pesou você na balança e faltou peso. ‘Dividido’: o seu reino será dividido e entregue aos medos e persas".
(Profecia de Daniel capítulo 5, versículos 23-28)
MÂNE, TÉCEL, PÁRSIN = Contado, Pesado, Dividido.
Essas palavras, escritas por mão misteriosa após um certo rei ter feito coisas erradas, passou para a história como sinal de algum domínio que está por acabar.
Do Profeta Daniel, antes de Cristo, para os dias atuais: dedico essas palavras MÂNE - TÉCEL - PÁRSIN, a todos aqueles e aquelas que usam do poder da comunicação para proveito próprio e prejuízo dos outros.
Lembro novamente que o Educador (seja ele docente, "cuidador", orientador ou gestor) é um comunicador e, como tal, não pode usar da palavra para deformar - sim formar, edificar.
Anjos e demônios existem - e são de carne e osso, podem ser qualquer um de nós, sobretudo Educadores e Comunicadores, na medida em que:
Anunciamos (mensageiros) e conduzimos para o bem comum = anjos;
Dividimos, separamos, tornamo-nos adversários, pedra de tropeço = demônio.
"Elas (as pessoas grandes) adoram os números. Quando a gente lhes fala de um novo amigo, as pessoas grandes jamais se interessam em saber como ele realmente é.
Não perguntam nunca: Qual o som da sua voz? Quais brinquedos ele prefere? Será que ele coleciona borboletas?
Mas perguntam: Qual é a sua idade? Quantos irmãos ele tem? Quanto pesa? Quanto ganha seu pai?'
Somente assim é que julgam conhecê-lo.
Se dizemos às pessoas grandes: Vi uma bela casa de tijolos cor de rosa, gerânios na janela, pombas no telhado..., elas não conseguem, de modo algum, fazer uma ideia da casa.
É preciso dizer-lhes: Vi uma casa de seiscentos mil reais.
Então elas exclamam: Que beleza!"
Sainte-Exupéry, O Pequeno Príncipe.
Com esse pequeno, mas profundo trecho do livro "O Pequeno Príncipe", quero lembrar que os alunos fizeram hoje (18/11/2009) a segunda e última etapa da Prova São Paulo.
Como coloquei ontem, não sou contra a prova em si, mas tenho muitos temores se os resultados dessa prova institucional servirem apenas para quantificar aprendizados, ignorando as relações humanas imprescindíveis no processo ensino-aprendizagem.
Caso isto ocorra, estaremos sendo frios e ignorantes, como as pessoas grandes que Exuperi cita com propriedade em seu clássico livro: iremos valorizar somente o aluno que sabe muitas coisas, independente de levar em conta o que ele faz com isso; respeitar somente a escola e o professor cuja turma tenha alto índice na avaliação, independente de como chegaram a esse número.
Sei perfeitamente que uma prova não pode (nem teria como) avaliar relacionamentos humanos, nem o fato emocional do aluno naquele momento (pode saber, mas errar; pode não saber, mas dar sorte de escolher a resposta certa).
Existem coisas muito faladas, mas pouco valorizadas na Educação, como a inteligência emocional e as inteligências múltiplas. Onde elas poderiam ser avaliadas institucionalmente?
E aqueles momentos de confraternização, nos quais entram várias habilidades dos alunos, sem as quais não há condições de festa - entram em qual questão da prova? E olha que tivemos experiências muito interessantes neste ano, desde a festa de aniversário dedicada à ex professora da turma, até mesmo a festa do dia das bruxas - ambas organizadas e levadas adiante exclusivamente pelos alunos, sem quaisquer tipos de problemas e aborrecimentos. Em especial, a festa do dia das bruxas mostrou um fato inesperado por muitos educadores da Unidade: intercâmbio e colaboração entre a turma (quarto ano) e alguns alunos dos sétimos e oitavos anos.
E os momentos nos quais os alunos foram capazes de autogerirem seus problemas? E os casos de bullying resolvidos exclusivamente no diálogo? E aqueles alunos que, de repente, foram capazes de superar suas defasagens, superando todas as expectativas?
Repito: não sou contra avaliações institucionais, elas servem de parâmetros para retomadas pedagógicas. Mas elas são incapazes de avaliar grandes conquistas ocorridas no ambiente de aprendizagem.
=========== Conectado com o Professor João César:
http://aulanossa.blogspot.com/=> Fique conectado com as aulas do Professor João César - São Paulo (SP) - Brasil. Transparência verdadeira e não demagógica é permitir que a Comunidade Escolar acesse as aulas e interaja com elas.
http://cotidianoescolar.blogspot.com/=> Ideias e opiniões de fatos do dia a dia escolar. Espaço reservado a uma nova forma de ver o cotidiano escolar.
Destinado somente a Educadores, Educandos e respectivos familiares; mensagens anônimas serão ignoradas.
Neste dia os alunos estão realizando a primeira etapa da Prova São Paulo, avaliação institucional para medir o nível de aprendizagem dos alunos de todas as escolas da Prefeitura de São Paulo.
Essa avaliação é muito importante para redirecionar as metas das escolas, de acordo com o índice de seus alunos.
Isso é muito positivo. Lamentável seria ficar somente nesse instrumento institucional e ignorar que existe o lado humano dentro das escolas, que a educação não se faz somente por conteúdos e metas a serem atingidas. Claro que conteúdos e metas são imprescindíveis, mas colocá-los em único plano, ignorando a qualidade dos relacionamentos humanos dentro e fora da Unidade Educacional, é um tiro no pé, pois quem dá sustentação a Escola enquanto instituição são exatamente as pessoas que nela atuam: educadores, educandos, comunidade escolar e comunidade local.
Como nenhuma prova institucional mede essa qualidade de relacionamento humano de forma direta, o mesmo pode ficar "esquecido" no dia a dia. Vale lembrar que alunos bem tratados, aprendem mais; professores bem tratados e respeitados têm ânimo e gosto por aquilo que fazem; familiares bem tratados sentem confiança e acreditam no trabalho da escola. Isto não pode ser perdido de vista, pois poderá determinar - ou não, a qualidade dos resultados da Prova São Paulo. Mesmo porque o contrário também vale: alunos mal tratados aprendem menos; professores desrespeitados não sentem gosto pelo que fazem; familiares mal tratados veem a escola como invasora de seu espaço, não como parceira.
Espero que eu tenha sido bem claro em minhas colocações - quem me conhece pessoalmente não tem o direito de se fazer de desentendido.
Sendo assim, boa sorte a todos - e bom senso e criticidade no uso dos resultados obtidos a partir dessa avaliação institucional.
=========== Conectado com o Professor João César:
http://aulanossa.blogspot.com/=> Fique conectado com as aulas do Professor João César - São Paulo (SP) - Brasil. Transparência verdadeira e não demagógica é permitir que a Comunidade Escolar acesse as aulas e interaja com elas.
http://cotidianoescolar.blogspot.com/=> Ideias e opiniões de fatos do dia a dia escolar. Espaço reservado a uma nova forma de ver o cotidiano escolar.
Destinado somente a Educadores, Educandos e respectivos familiares; mensagens anônimas serão ignoradas.
- Sócrates, preciso contar-lhe algo sobre alguém! Você não imagina o que me contaram a respeito de...
Nem chegou a terminar a frase, quando Sócrates ergueu os olhos do livro que lia e perguntou:
- Espere um pouco Augustus. O que vai me contar já passou pelo crivo das três peneiras?
- Peneiras? Que peneiras?
- Sim. A primeira, Augustus, é a da verdade. Você tem certeza de que o que vai me contar é absolutamente verdadeiro?
- Não. Como posso saber? O que sei foi o que me contaram!
- Então suas palavras já vazaram a primeira peneira. Vamos então para a segunda peneira: a bondade. O que vai me contar, gostaria que os outros também dissessem a seu respeito?
- Não, Sócrates! Absolutamente, não!
- Então suas palavras vazaram, também, a segunda peneira. Vamos agora para a terceira peneira: a necessidade. Você acha mesmo necessário contar-me esse fato, ou mesmo passá-lo adiante? Resolve alguma coisa? Ajuda alguém? Melhora alguma coisa?
- Não, Sócrates... Passando pelo crivo das três peneiras, compreendi que nada me resta do que iria contar.
E Sócrates sorrindo concluiu:
- Se passar pelas três peneiras, conte! Tanto eu, quanto você e os outros iremos nos beneficiar. Caso contrário, esqueça e enterre tudo. Será uma fofoca a menos para envenenar o ambiente e fomentar a discórdia entre irmãos. Devemos ser sempre a estação terminal de qualquer comentário infeliz! Da próxima vez que ouvir algo, antes de ceder ao impulso de passá-lo adiante, submeta-o ao crivo das três peneiras porque:
•Pessoas sábias falam sobre ideias;
•Pessoas comuns falam sobre coisas;
•Pessoas medíocres falam sobre pessoas.
(recebido, há tempos, por e-mail)
Uma versão (dentre várias) divulgada em vários livros, sites e e-mails:
Olavo foi transferido de projeto. Logo no primeiro dia, para fazer média com o novo chefe, saiu-se com esta:
– Chefe, o senhor nem imagina o que me contaram a respeito do Silva. Disseram que ele ...
Nem chegou a terminar a frase, Juliano, o chefe, aparteou:
– Espere um pouco, Olavo. O que vai me contar já passou pelo crivo das três peneiras?
– Peneiras? Que peneiras, Chefe?
– A primeira, Olavo, é a da VERDADE. Você tem certeza de que esse fato é absolutamente verdadeiro?
– Não. Não tenho, não. Como posso saber? O que sei foi o que me contaram Mas eu acho que...
E, novamente, Olavo é interrompido pelo chefe:
– Então sua história já vazou a primeira peneira. Vamos então para a segunda peneira que é a da BONDADE. O que você vai me contar, gostaria que os outros também dissessem a seu respeito?
– Claro que não! Deus me livre, Chefe! – diz Olavo, assustado.
– Então, – continua o chefe – sua história vazou a segunda peneira. Vamos ver a terceira peneira, que é a da NECESSIDADE. Você acha mesmo necessário me contar esse fato ou mesmo passá-lo adiante?
– Não chefe. Passando pelo crivo dessas peneiras, vi que não sobrou nada do que eu iria contar - fala Olavo, surpreendido.
– Pois é Olavo. Já pensou como as pessoas seriam mais felizes se todos usassem essas peneiras ? – diz o chefe sorrindo e continua: – Da próxima vez em que surgir um boato por ai, submeta-o ao crivo dessas três peneiras: Verdade - Bondade - Necessidade, antes de obedecer ao impulso de passa-lo adiante, porque:
PESSOAS INTELIGENTES FALAM SOBRE IDÉIAS
PESSOAS COMUNS FALAM SOBRE COISAS
PESSOAS MEDÍOCRES FALAM SOBRE PESSOAS
= = = = = = = = = = = = = =
"Vocês já sabem, meus queridos irmãos: cada um seja pronto para ouvir, mas lento para falar, e lento para ficar com raiva, porque a raiva do homem não produz a justiça que Deus quer. Se alguém pensa que é religioso e não sabe controlar a língua está enganando a si mesmo, e sua religião não vale nada."
Infelizmente, há datas que têm sua finalidade deturpada pelas pessoas. Assim é o dia da criança. Fala-se muito da criança, dá-se muitos presentes, mas no resto do ano, as pessoas não se fazem presente na vida das crianças.
Muitas crianças gostariam, ao invés de um presente uma vez por ano, que as pessoas estivessem presentes em suas vidas diariamente. E não venha justificar-se com a correria do dia a dia, pois presença não se faz somente pelo tempo dedicado (quantidade), mas pela intensidade (qualidade) do tempo em que se dedica a alguém.
Isso lembra aquela história do pai que nunca tinha tempo para seu filho, pois era um mártir do trabalho, a fim de dar a família condições dignas de vida. Mas toda noite passava pela cama do filho, acariciava-o, dizia-lhes umas palavras afetuosas e deixava um nó no lençol, como prova de que esteve ali por alguns segundos.
Nestes quase dezesseis anos de docência, tive várias experiências de pais e mães que poderia argumentar que não tinham tempo a seus filhos (e não tinham mesmo, se levarmos em conta o tempo cronológico), mas davam o máximo de si: mães analfabetas que reservavam alguns segundos suados para ver os cadernos dos filhos e fazer elogios aos progressos que viam e sentiam ali, mesmo não sendo capazes de ler o que estava escrito; pais que, mesmo cansados do trabalho, eram capazes de beijar a mulher e os filhos, que não tinham dinheiro para dar presentes, mas estavam presentes.
Preferi dar esses exemplos positivos, mas quero lembrar também daqueles pais que nunca estão presentes, mas fazem questão de encher os filhos de presentes e nunca dão-lhes uma palavrinha de carinho, nem uma correção afetuosa quando os filhos erram; aqueles que são apenas motoristas, levando a criança à escola ou catequese, e nunca se preocupam em perguntar aos educadores como suas crianças estão; aqueles que renegam a criança na frente de todos, como se ela fosse consequência de um aborto mal sucedido.
O extremo dessa omissão toda também é prejudicial, como aqueles que querem corrigir os filhos de qualquer modo, inclusive humilhando-os ou espancando-os, quando não explorando ou abusando;ou formas mais sutis, como a superproteção, que tira a iniciativa da criança em agir. Tudo isso – omissão e certas ações, são formas de negligência.
E o que falar daquele tipo que só visita a criança (tanto em seu lar, como no orfanato), somente no dia 12 de outubro? Ou que percorre as ruas, nessa mesma data, distribuindo presentes e guloseimas, mas nos outros dias faz questão de cuidar bem de seu “totó” e gritar em altos brados “morte e cadeia aos menores abandonados”?
Em meio a tudo isso fico muito feliz com iniciativas de pessoas e entidades que tratam da criança o ano todo. Os padres Rosalvinos, Robertos, Julios – e tantos outros, que estão ali, com as crianças diariamente, em suas necessidades, fazendo-se presença viva e atuante, muito mais do que pais. E também os pais que citei anonimamente no incio deste texto. De pessoas assim, presentes o ano inteiro, verdadeiros presentes na vida das crianças.
E termino dedicando um carinho especial à todas as crianças que nestes dezesseis anos de Educador passaram por mim (e as que passam, e aquelas que passarão), sobretudo as mais problemáticas, com seu jeito de gritar por socorro. Agradeço a Deus por colocá-las em meu caminho, pois tenho consciência de que estou servido a Ele nelas.
Que Deus continue dando-me forças para que eu seja capaz de fazer a diferença na vida das crianças, diariamente, e não somente no dia 12 de outubro. Bênçãos também a eles, meus colegas educadores (inúmeros e anônimos) que dedicam-se às crianças. E, claro, bênçãos também aos inúmeros Rosalvinos, Robertos e Júlios que me mostram que o caminho é a Educação.
_____________________ Breves notas explicativas, de nomes citados no texto:
"Roberto": Referência ao padre Roberto, da Congregação de Santa Cruz, (família religiosa fundada pelo padre Moreau, conhecida em São Paulo pelo colégio de mesmo nome) que mantém vários núcleos socio-educativos no bairro do Jaguaré, atendendo aproximadamente 800 crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social.
"Rosalvino": Padre Rosalvino, sacerdote salesiano (congregação fundada por Dom Bosco) que possui um enorme e belíssimo trabalho sócio-educativo no bairro de Itaquera.
"Júlio": Padre Júlio Lancelotti, atuante junto a menores abandonados, crianças aidéticas e moradores de rua, por isso mesmo invejado e perseguido por muitos. Atua sobretudo na zona leste paulistana.
Dedico vídeo e texto abaixo a todas as crianças e também a todos os meus colegas professores, por ocasião de ambas as datas. Da mesma forma que recebemos o contágio alegre de alguém, devemos passar para alguém. Essa é a proposta dessa fábula.
Era uma vez um povoado todo cinzento e triste.
Quando chovia, todo mundo usava guarda-chuvas pretos, mas só e rigorosamente pretos.
O semblante de todos era muito carregado e triste. Debaixo de um guarda-chuva preto só podia ser assim.
Certo dia, em que a chuva desabava mais forte, apareceu, como por encanto, um senhor um tanto excêntrico, que ia desafiando aquele dilúvio,usando um guarda-chuva amarelo. Mas não só: avançava todo sorridente. Isso mesmo, ele sorria.
Alguns dos passantes, como sempre, sob guarda-chuvas negros, olhava para ele escandalizados e murmuravam:
– Que indecência, fica mesmo ridícula essa sua sombrinha amarela. Chuva é coisa séria e um guarda chuva só pode ser preto.
Outros ficaram indignados e se perguntavam alucinados:
– O que lhe deu na telha a esse sujeito de querer enfrentar a chuva com um guarda-chuva amarelo? Exibicionista.
Outros ainda fizeram queixa na polícia:
– É certamente um sujeito orgulhoso, alguém que faz de tudo para aparecer. Ele se parece mesmo divertido.
De fato, não havia nada de divertido naquele país de chuva permanente e de guarda-chuvas pretos.
Só Natacha não conseguia atinar o motivo daquelas críticas e um pensamento a inculcava:
– Quando chove, guarda-chuva é guarda-chuva, preto ou amarelo, o que interessa mesmo é guarde da chuva. E ponto final.
Percebeu, além disso, que aquele senhor mesmo debaixo de um guarda-chuva amarelo se sentia perfeitamente à vontade e feliz, e queria saber muito mais.
Um dia, ao voltar da escola, Natacha se deu conta de que havia esquecido o seu guarda-chuva preto em casa. Deu de ombros e se meteu na chuva sem nada na cabeça, deixando que a água lhe encharcasse o cabelo.
Quis o acaso que, dai a pouco ela topasse com... isso mesmo, com o homem do guarda-chuva amarelo.
– Servida?
Natacha hesitou. Se aceitasse, seria alvo de gozação. Entretanto, acudiu-lhe o pensamento:
– Quando chove, guarda-chuva é guarda-chuva, preto ou amarelo, que importa? Além disso, é melhor ter um guarda-chuva que ensopar-se de água.
Aceitou e viu-se debaixo do guarda-chuva do gentilíssimo senhor.
Então compreendeu porque aquele senhor era tão feliz: debaixo do guarda-chuva amarelo o mal tempo desaparecia. E em um céu azul, recortado de pássaros festivos, brilhava um grande e quente sol. Natacha ficou encantada e o senhor abriu-se para ela em um sorriso:
– Já sei, ficou encantada. Pois então, escute, explico tudo: houve um tempo em que eu também era muito triste neste pais de chuva sem fim, eu também usava um guarda-chuva preto. Certo dia, saindo do escritório, lá esqueci o meu guarda-chuva. Não voltei para apanhá-lo, fui andando para a casa assim, como estava. Eis que, enquanto caminhava, deparei-me com um senhor que me ofereceu entrar sob o seu guarda-chuva amarelo. Como você, hesitei, tinha medo de ser diferente, de tornar-me ridículo. Depois aceitei, porque o que mais temia mesmo era apanhar um resfriado. E me dei conta, como você, de que debaixo do guarda-chuva amarelo o mal tempo simplesmente desaparecia. Aquele senhor me ensinou que as pessoas, debaixo de um guarda-chuva preto, ficavam tristes e sem vontade de se comunicar. O gotejar da chuva e o preto da sombrinha os deixavam amarrados. Quando, de repente não o vi mais, percebi que estava segurando o seu guarda-chuva amarelo. Ele o teria esquecido? Tentei reencontrá-lo, mas não o vi mais. Por isso, guardei o guarda-chuva. Desde então o tempo sempre foi maravilhoso.
– Linda história! Entretanto, não sente remorso de ficar com um guarda-chuva de um outro?
– Absolutamente não! Porque sei muito bem que ele é de todos. Também aquele homem certamente o tinha recebido de alguém.
Quando chegaram na frente da casa de Natacha, despediram-se. Imediatamente, o homem, afastando-se, desapareceu. E a jovem se viu segurando seu guarda-chuva amarelo. Mas, então, aquele senhor: por onde andaria?
Assim, Natacha guardou aquele maravilhoso guarda-chuva amarelo. Também compreendeu que, mais dias, menos dias, o guarda-chuva haveria de mudar de dono. Passaria a novas mãos, a fim de levar serenidade a outras pessoas.
_____
Fábula recontada pelo Padre Pascual Chávez Villanueva (Reitor-mor dos Salesianos), no vídeo da Estréia de 2007 (mensagem de começo de ano do superior a toda família salesiana). Vídeo completo em: http://www.sdb.org/ (com opções de idiomas) - pesquisado em 2007, podendo não estar mais disponível ali.
Dedico o texto abaixo, o qual recebi há tempos por e-mail e desconheço a autoria, a todos os educadores que, como eu, estão passando por enormes sufocos.
Que tipo de sapo somos: aquele que se aquece com a água e acha tudo normal, ou o que pula fora enquanto for tempo?
Quero lembrar que esse "pular fora" não quer dizer abandonar a profissão, mas pular para a luta, tomando distância do problema, a fim de buscar soluções sem se deixar influenciar pelo mesmo. Mas quem está disposto? É mais fácil sofrer e xingar do que buscar soluções...
SINDROME DO SAPO
De acordo com o mito se você colocar um sapo numa panela de água fervendo ele pula fora e salva a própria vida. Mas, se você colocar o sapo numa panela de água fria e for esquentando a água aos poucos, ele não percebe a mudança da temperatura e morre cozido.
Mas porque o sapo não pula quando a água começa a ficar quente?
Será que ele não sente que a água esquentou?
Vamos tomar a personalidade dele, enquanto água está esquentando, e verificar o que se passa na cabeça do sapo.
28 Graus - Humm que água gostosa...
32 Graus - É... a água está boazinha... 36 Graus - Esta água está ficando sem graça, será que está esquentando? Bobagem! Por que a água iria esquentar? Deve ser impressão minha. 38 Graus - Estou ficando com calor... Que droga de água! Ela nunca foi quente, por que está esquentando? 39 Graus - Essa água é uma porcaria! Melhor nadar um pouco em círculos até a água esfriar de novo. 40 Graus - Esta água é muito quente , humm que ruim! Vou voltar lá para aquele lado que estava mais fresco ou será que é melhor esperar um pouco? 42 Graus - Realmente, esta água está péssima, quente de verdade, tenho que falar com o supervisor das águas. Claro, eu podia pular fora, mas onde será que vou cair? Melhor esperar só mais um pouquinho. 43 Graus - Meu Deus! Será que eu tenho que fazer tudo por aqui? Já reclamei e ninguém toma uma atitude? 44 Graus - Mas este supervisor de águas não faz nada? Será que ninguém nota que a água está super quente? Vou esperar mais um pouco... 45 Graus - Se ninguém fizer nada eu vou fazer um escândalo.... Aiiiii que calor! 46 Graus - Eu devia ter pulado fora quando eu tive oportunidade, agora é tarde. Estou sem forças. 48 Graus - "sapo morto"
O presente texto veio em minhas mãos por volta de 1996. De início, causou-me certo incômodo. Depois, fui procurando ler a biografia do autor, bem como seu contexto. Confrontando com minha realidade e, buscando outros textos do mesmo autor, convenci-me de que ele estava certo.
Procurem ler este texto em seu contexto original: segunda metade do século XIX, em uma Turim que via muitos jovens-imigrantes perambulando em busca de trabalho quase escravo; do outro lado, um membro da igreja, então detentora de privilégios, rompendo com uma prática pedagógica exclusivista e de castigos físicos, procurando acolher e profissionalizar esses jovens, comprando briga com seus superiores e muita gente importante da época.
Deixemos de lado nossos credos ou descrenças e o fato de estarmos em um Estado laico. Procuremos ver as razões desse educador em seu tempo, bem como o que ele faria se estivesse conosco, em nosso contexto. Muitos outros agiram como ele, mas o detalhe de um padre agir assim, naquele tempo e contexto, é muito curioso.
Que o presente texto, que tanto me ajudou em minha caminhada profissional, possa colaborar também com meus colegas-educadores os quais, tenho certeza, sabem que antes de lidarmos com conteúdos, habilidades e documentações, lidamos com o ser humano em todas as suas dimensões e necessidades.
Fica também a sugestão de complementar esta leitura com o texto “Carta de Roma”, o qual mostra detalhes importantes da prática e pensamento do educador João Bosco. Caso queiram, poderão achá-lo em:
Antes de mais nada, se queremos ser amigos do verdadeiro bem dos nossos alunos e levá-los ao cumprimento de seus deveres, é indispensável jamais vos esquecerdes de que representais os pais desta querida juventude. Ela sempre foi o terno objeto dos meus trabalhos, dos meus estudos e do meu ministério sacerdotal; não apenas meu, mas da cara congregação salesiana.
Quantas vezes, meus filhinhos, no decurso de toda a minha vida, tive de me convencer desta grande verdade! É mais fácil encolerizar-se do que ter paciência, ameaçar uma criança do que persuadi-la. Direi mesmo que é mais cômodo, para nossa impaciência e nossa soberba, castigar os que resistem do que corrigi-los, suportando os com firmeza e suavidade.
Tomai cuidado para que ninguém vos julgue dominados por um ímpeto de violenta indignação. É muito difícil, quando se castiga, conservar aquela calma tão necessária para afastar qualquer dúvida de que agimos para demonstrar a nossa autoridade ou descarregar o próprio mal humor.
Consideremos como nossos filhos aqueles sobre os quais exercemos certo poder. Ponhamo-nos a seu serviço, assim como Jesus, que veio para obedecer e não para dar ordens; envergonhemo-nos de tudo o que nos possa dar aparência de dominadores; e se algum domínio exercemos sobre eles, é para melhor servirmos.
Assim procedia Jesus com seus apóstolos; tolerava-os na sua ignorância e rudeza, e até mesmo na sua pouca fidelidade. A afeição e a familiaridade com que tratava os pecadores eram tais que em alguns causava espanto, em outros escândalo, mas em muitos infundia a esperança de receber o perdão de Deus. Por isso nos ordenou que aprendêssemos dele a ser mansos e humildes de coração.
Uma vez que são nossos filhos, afastemos toda cólera quando devemos corrigir-lhes as faltas ou, pelo menos, a moderemos de tal modo que pareça totalmente dominada.
Nada de agitação de ânimo, nada de desprezo no olhar, nada de injúrias nos lábios; então sereis verdadeiros pais se conseguirem uma verdadeira correção.
Em determinados momentos muito graves, vale mais uma recomendação a Deus, um ato de humildade perante ele, do que uma tempestade de palavras que só fazem mal a quem as ouve e não e não tem proveito algum para quem as merece.
João Bosco nasceu perto de Castelnuovo, na diocese de Turim, em 1815.Teve uma infância sofrida. Ordenado sacerdote, consagrou todas as suas energias à educação da juventude, para formá-la na prática da vida cristã e no exercício de uma profissão. Com essa finalidade, fundou as Congregações: Sociedade São Francisco Sales (Salesianos) e Sociedade Filhas de Maria Auxiliadora. Fundou as escolas e a editora Salesiana, escreveu diversos opúsculos para proteger a religião católica. Morreu no dia 31 de janeiro de 1888, sendo canonizado por Pio XI em 1934. Sua pedagogia era baseada na alegria e no amor e foi o autor do método preventivo, numa época onde prevalecia as punições e castigos físicos aos alunos. Preocupou-se coma educação e profissionalização,sobretudo dos jovens mais pobres. Dai ser proclamado Padroeiro da Juventude. (Fonte: blog não oficial – singela homenagem http://domboscoeducador.blogspot.com/)
Oooooooooh! Oooi! Vocês que fazem parte dessa massa Que passa nos projetos do futuro É duro tanto ter que caminhar E dar muito mais do que receber...
E ter que demonstrar sua coragem À margem do que possa parecer E ver que toda essa engrenagem Já sente a ferrugem lhe comer...
Êeeeeh! Oh! Oh! Vida de gado Povo marcado Êh! Povo feliz!...(2x)
Lá fora faz um tempo confortável A vigilância cuida do normal Os automóveis ouvem a notícia Os homens a publicam no jornal...
E correm através da madrugada A única velhice que chegou Demoram-se na beira da estrada E passam a contar o que sobrou...
Êeeeeh! Oh! Oh! Vida de gado Povo marcado Êh! Povo feliz!...(2x)
Oooooooooh! Oh! Oh! O povo foge da ignorância Apesar de viver tão perto dela E sonham com melhores tempos idos Contemplam essa vida numa cela...
Esperam nova possibilidade De verem esse mundo se acabar A Arca de Noé, o dirigível Não voam nem se pode flutuar Não voam nem se pode flutuar Não voam nem se pode flutuar...
Êeeeeh! Oh! Oh! Vida de gado Povo marcado Êh! Povo feliz!...(2x)
Parabéns às Unidades Educacionais que já tratam o Bullying com a seriedade necessária e espero que urgentemente (nada de deixar para o próximo ano) as outras também o façam.
No tempo em que havia perseguidos presos políticos, como no Regime Militar, os grupos de defesa de direitos humanos cumpriram com seu papel de garantir a vida e a integridade de muitos - atuais chefes de estado que o digam.
O tempo passou e as necessidades agora são outras. Por que ao invés de percorrer em visitas e denunciar eventuais maus tratos ocorridos em presídios e Fundação CASA (antiga FEBEM), os agrupamentos de defesa dos direitos humanos não fazem o mesmo em hospitais e escolas?
Podem ter certeza que poderão contribuir - e muito, nesses locais!
No caso específico de escolas: verifiquem, por favor, as condições de trabalho de educadores e educandos.
Podem ter certeza que, com a experiência e competência que possuem por décadas de trabalho, poderão fazer muito por educadores e educandos. Verifiquem desde as estruturas espaciais até mesmo e, principalmente, as formas de relacionamentos humanos que ocorrem entre os usuários desse ambiente.
Depois contam-nos, neste blog, a experiência.
Sugestões de pontos a serem observados, em visitas surpresas:
1) Estrutura física dos prédios, equipamentos e rotas de segurança;
2) Lotação dos ambientes de aprendizagem e como se dá essa lotação;
3) Relacionamento entre equipes técnicas e educadores - e vice versa;
4) Relacionamento entre educadores;
5) Relacionamento entre educandos;
6) Relacionamento educandos e educadores - e vice versa;
7) Bulliyng entre os diversos agrupamentos - e não somente entre os educandos;
8) Cumprimento de metas administrativas X metas de formação humana;
9) Relacionamento e participação positiva da comunidade na escola - e vice versa;
10) Fluxo de informações, verdades e meias verdades.
Antes de qualquer outra meta político-pedagógica, deveríamos nos debruçar sobre outra meta: re-humanizar os relacionamentos humanos (parece vício de linguagem, mas não é!), não somente dentro do ambiente de aprendizagem, mas também no ambiente de trabalho. Afinal, não se pode tentar aplicar com as novas gerações aquilo que não se vivencia entre nós educadores, mesmo porque a educação se dá mais pelo exemplo do que por belas palavras.
A fim de singela contribuição, forneço a todos os interessados (e, principalmente, aos desinteressados) este breve resumo das páginas citadas na referência bibliográfica mais abaixo, da conferência destinada a uma rede de escolas particulares, aqui transformada em livro, do professor Antônio Carlos Gomes da Costa – que tem uma vasta atuação no campo educacional, dentro e fora do estado dele, Minas Gerais.
Seria interessante a leitura do livro integralmente, mas fica aqui o aperitivo.
PEDAGOGIA DA PRESENÇA
É uma aposta na possibilidade de despertar e desenvolver a juventude, aquela corda sensível no coração do jovem. É uma aposta no “desenvolvimento”.
Quando se observam os três grandes eixos universais da educação – o cognitivo, o emocional e o pragmático; ou razão, sentimento e ação –, se vê que o cognitivo está na docência, o afetivo está na assistência/presença e o pragmático, o nível da ação, está nas práticas e vivências.
O coração da preventividade está na presença. É uma pedagogia da presença. O educador se faz presente na vida do educando. Presença não é sinônimo de estar perto. A presença educativa é uma presença intencional, deliberada. Tem a intenção de exercer no outro uma influência construtiva.
Características dessa presença:
ABERTURA
Não basta estar perto. Nos ambientes de trabalho, nós sabemos disso, as pessoas estão perto, mas cada uma está na sua. Não estão abertas para o outro.
Essa abertura é se deixar penetrar pelo outro. É ter a disposição sadia – olha o que eu estou falando – de penetrar o outro. Às vezes, você vê uma pessoa com o olho ou nariz vermelho e pensa: “Vou ficar quieto”. Agora, se você pergunta: “Fulano, o que está acontecendo?”, não sabe o que pode vir dali como resposta. Aquilo vai lhe penetrar, vai lhe jogar dentro de um problema.
Temos de estar dispostos a ser penetrados pela alegria ou pelo sofrimento, pela dificuldade, pelo contentamento do outro. Eu tenho de me deixar penetrar. Tenho de ter também a disposição de penetrar, porque de outra forma não existe encontro.
RECIPROCIDADE
Reciprocidade é um comércio singelo entre as pessoas. É um comércio de pequenos nadas. Um sorriso, um olhar, um cumprimento, um abraço, uma pergunta, um elogio, um toque, tudo isso são pequenos nadas, mas que podem mudar o ambiente de uma sala de aula, de uma casa de família, de um hospital, de um trabalho.
A reciprocidade é esse troca-troca de pequenos nadas, que são tudo para criar um ambiente de qualidade e de desenvolvimento das pessoas. E quantas vezes sonegamos isso? Quantas vezes esses pequenos nadas que são tudo, nós os sonegamos das pessoas que estão ao nosso redor? Muitas vezes os pais dão tudo, mas não dão os pequenos nadas. O professor dá o melhor ensino, mas também sonega os pequenos nadas.
COMPROMISSO
É aquela coisa – pode ser até ingênuo ficar citando, mas é profundamente verdadeiro – de que você se torna responsável pelo que cativa.
Presença gera responsabilidade. Se você está aberto a uma pessoa, se intercambia com ela, se mantém com ela uma postura de reciprocidade, você não tem mais o direito de ser indiferente para com ela. Por isso, por temor a essa responsabilidade, a gente se mantém fechado, porque sabe que no final se torna, de certa forma, responsável pelo outro.
Essa presença educativa intencional, deliberada, onde um ser humano busca exercer uma influência construtiva sobre o outro ser humano é, ao meu ver o coração da preventividade. É uma condição para o desenvolvimento humano. É uma condição para a pessoa se “des-envolver”, para atualizar seu potencial.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
COSTA, Antonio Carlos Gomes da. Presença Educativa. São Paulo: Editora Salesiana, 2001. pp26-30.
Professor de Educação Básica (Ed. Infantil e Ens. Fundamental até 5º ano) na Rede Pública do Município de São Paulo (SP).
Católico ativo em pastorais da Arquidiocese de São Paulo, sempre em diálogo com quaisquer religiosidades (desde que haja respeito mútuo, sem proselitismos).
Artigos publicados neste blog refletem meu ponto de vista. Podem ser copiados e usados, desde que na íntegra e citada a fonte.
Não pretendo elogiar, magoar ou prejudicar a ninguém. Sou educador e, portanto, comunicador e formador; não posso aceitar meias verdades, que deformam. Por isso aqui existem somente verdades inteiras. Mesmo porque possuo uma escala de valores que norteiam minhas ações - sou cristão. Respeito outros valores, desde que não colidam com os meus.
Este blog é atualizado fora do meu local e do meu horário de trabalho. É um instrumento criado e sustentado em meu momento de CIDADÃO, sem vínculos e patrocínios institucionais - dai a isenção e liberdade de expressão assegurada pela Constituição Federal.