Quando a gente lhes fala de um novo amigo, as pessoas grandes jamais se interessam em saber como ele realmente é.
Não perguntam nunca:
Qual o som da sua voz?
Quais brinquedos ele prefere?
Será que ele coleciona borboletas?
Mas perguntam:
Qual é a sua idade?
Quantos irmãos ele tem?
Quanto pesa?
Quanto ganha seu pai?'
Somente assim é que julgam conhecê-lo.
Se dizemos às pessoas grandes:
Vi uma bela casa de tijolos cor de rosa, gerânios na janela, pombas no telhado...,
elas não conseguem, de modo algum, fazer uma ideia da casa.
É preciso dizer-lhes:
Vi uma casa de seiscentos mil reais.
Então elas exclamam:
Que beleza!"
Sainte-Exupéry, O Pequeno Príncipe.
Como coloquei ontem, não sou contra a prova em si, mas tenho muitos temores se os resultados dessa prova institucional servirem apenas para quantificar aprendizados, ignorando as relações humanas imprescindíveis no processo ensino-aprendizagem.
Caso isto ocorra, estaremos sendo frios e ignorantes, como as pessoas grandes que Exuperi cita com propriedade em seu clássico livro: iremos valorizar somente o aluno que sabe muitas coisas, independente de levar em conta o que ele faz com isso; respeitar somente a escola e o professor cuja turma tenha alto índice na avaliação, independente de como chegaram a esse número.
Caso ainda não tenha lido, faça-o agora: o início desta conversa no tópico de ontem:
http://cotidianoescolar.blogspot.com/2009/11/prova-s-paulo-17-de-novembro-de-2009.html
Sei perfeitamente que uma prova não pode (nem teria como) avaliar relacionamentos humanos, nem o fato emocional do aluno naquele momento (pode saber, mas errar; pode não saber, mas dar sorte de escolher a resposta certa).
Existem coisas muito faladas, mas pouco valorizadas na Educação, como a inteligência emocional e as inteligências múltiplas. Onde elas poderiam ser avaliadas institucionalmente?
E aqueles momentos de confraternização, nos quais entram várias habilidades dos alunos, sem as quais não há condições de festa - entram em qual questão da prova? E olha que tivemos experiências muito interessantes neste ano, desde a festa de aniversário dedicada à ex professora da turma, até mesmo a festa do dia das bruxas - ambas organizadas e levadas adiante exclusivamente pelos alunos, sem quaisquer tipos de problemas e aborrecimentos. Em especial, a festa do dia das bruxas mostrou um fato inesperado por muitos educadores da Unidade: intercâmbio e colaboração entre a turma (quarto ano) e alguns alunos dos sétimos e oitavos anos.
E os momentos nos quais os alunos foram capazes de autogerirem seus problemas? E os casos de bullying resolvidos exclusivamente no diálogo? E aqueles alunos que, de repente, foram capazes de superar suas defasagens, superando todas as expectativas?
Repito: não sou contra avaliações institucionais, elas servem de parâmetros para retomadas pedagógicas. Mas elas são incapazes de avaliar grandes conquistas ocorridas no ambiente de aprendizagem.
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