Alguém já disse, certa vez, que o maior inimigo do professor é o próprio professor. Não concordo com isso, pois há quem ainda se preocupe com o outro. São os verdadeiros educadores: não metem a cabeça na areia, como avestruz, dizendo que o problema não lhe diz respeito, problema esse que poderia acontecer consigo.
Mas não posso negar que existe o tipo que pensa estar imune aos problemas do colega e prefere isolar-se do que somar forças em resolver um problema que, cedo ou tarde, poderá afetar-lhe exatamente porque acha que sua turma está posta sob uma redoma, imune aos problemas que afetam toda escola.
A esse tipo ofereço o conhecido texto abaixo:
Um rato, olhando pelo buraco na parede, viu o fazendeiro e sua esposa abrindo um pacote. Pensou logo em que tipo de comida poderia ter ali. Ficou aterrorizado quando descobriu que era uma ratoeira. Foi para o pátio da fazenda advertindo a todos:
– Tem uma ratoeira na casa, tem uma ratoeira na casa.
A galinha, que estava cacarejando e ciscando, levantou a cabeça e disse:
– Desculpe-me, senhor Rato, eu entendo que é um grande problema para o senhor,mas não me prejudica em nada, não me incomoda.
O rato foi até o porco e disse-lhe:
– Tem uma ratoeira na casa, uma ratoeira.
– Desculpe-me senhor Rato, mas não há nada que eu possa fazer, a não ser rezar. Fique tranquilo que o senhor será lembrado nas minhas preces.
O rato dirigiu-se, então à vaca. Ela disse:
– O que, senhor Rato? Uma ratoeira? Por acaso estou em perigo? Acho que não!
O rato, então, voltou para a casa, cabisbaixo e abatido, para encarar a ratoeira do fazendeiro.
Naquela noite, ouviu-se um barulho, como o de uma ratoeira pegando sua vítima. A mulher do fazendeiro correu para ver o que havia pegado. No escuro, ela não viu que a ratoeira pegou a a cauda de uma cobra venenosa. A cobra picou a mulher.
O fazendeiro a levou imediatamente ao hospital. Ela voltou com febre. Todo mundo sabe que, para alimentar alguém como febre, nada melhor que uma canja. O fazendeiro pegou seu cutelo e foi providenciar o ingrediente principal.
Como a doença da mulher continuava, os amigos e vizinhos vieram visitá-la. Para alimentá-los o fazendeiro matou o porco.
A mulher não melhorou e acabou morrendo. Muita gente veio para o funeral. O fazendeiro, então, sacrificou a vaca para alimentar todo aquele povo.
Por isso, da próxima vez que você ouvir dizer que alguém está diante de um problema e acreditar que o problema não lhe diz respeito, lembre-se de que, quando há uma ratoeira na casa, toda a fazenda corre risco.
do livro: "As mais belas parábolas de todos os tempos vol. II"
Alexandre Rangel (org.)
Editora Leitura.
Alexandre Rangel (org.)
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