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20 outubro, 2008

liberdade excessiva da imprensa

Estimados amigos:

Estou reenviando minha nota de repúdio (leia-se "desabafo") sobre a cobertura macabra da imprensa nos casos da menina jogada pela janela e a adolescente morta pelo namorado.

Acrescentei, no início, uma preciosa observação feita por minha amiga jornalista, que é responsável por jornais paroquiais (São José do Jaguaré e Dom Bosco) e pelo jornal da Arquidiocese de São Paulo (O São Paulo).

Por favor, leiam com atenção a nota de minha amiga antes de ler meu texto. Ambos encontram-se abaixo. Deletei os endereços eletrônicos por questão de privacidade.

Fica aqui minha solidariedade aos jornalistas que são obrigados a fazerem coisas que, tenho certeza, não fariam, se dependessem somente de seus princípios (salvo exceções bem conhecidas do público).

Abraços.

João Cesar.



2008/10/20 elvira freitas <>
Bom dia, João César
Concordo com você, que está havendo, em todos os casos de violência contra menores, abuso por parte da imprensa. Por ter atuado na mídia convencional por cerca de 20 anos, devo deixar aqui algumas colocações:
1º – O profissional de mídia (repórter, principalmente), é apenas um testa de ferro. Ele cumpre ordens de uma direção de jornal que visa apenas o lucro e a superação da concorrência. É a cruel lei de mercado. "Recebeu a pauta, tem de cumpri-la!". Se dá audiência, a "direção" das emissoras (rádios, TVs, jornais, internet etc) manda insistir.
2º Existe sim um código de ética jornalística, só que não funciona, devido ao ítem acima, ou seja, a busca desenfreada do lucro a qualquer custo. Se o profissional quiser cumpri-la, terá de se desvencilhar de qualquer meio de comunicação e trabalhar de forma independente. Quam consegue? Poucos têm a coragem e condições financeiras de buscar na mídia alternativa e comunitária (rádios e boletins paroquiais) uma forma de sobrevivência, como fiz!
Rezemos para que Deus ilumine a cabeça dos empresários de comunicação.
Abraço
Elvira
 
 
--- Em dom, 19/10/08, Joao Cesar > escreveu:
De: Joao Cesar <>
Assunto: liberdade excessiva da imprensa - nota seria
Data: Domingo, 19 de Outubro de 2008, 23:32


Estimados amigos:

Nos últimos meses temos presenciado na imprensa fatos violentos envolvendo menores de idade (menina jogada pela janela e garota sequestrada e morta pelo ex-namorado).

No primeiro caso (menina jogada pela janela), sucederam-se outros casos de crianças que cairam de seus apartamentos. Pergunto: seriam coincidências (não acredito), seria um olhar macabro da imprensa (uma vez com ibope, outras vezes a audiência estaria garantida), ou seria uma escola de ações negativas?????!!!???

No caso mais recente (de Santo André) a imprensa deu ampla cobertura - e o sequestrador, por sua vez, sentiu-se o astro do momento, conseguindo manipular a todos. E o que falar de Sonia Abrão, e da produção do SPTV que conseguiram falar com o sequestrador?

Acredito que, em ambos os casos, a imprensa foi além de seu papel de informar. Explorou os fatos com requintes de crueldade. Pior ainda, transformou os criminosos nos artistas do momento. Pergunto: isto é informar ou por lenha na fogueira da violência?

Estou com nojo da imprensa. Se já tinha por motivos de manipulações políticas, agora tenho por manipulação de vidas, criando oportunidades para que coisas similares ocorram.

Acredito que liberdade de informação é uma coisa muito diferente do que está sendo feito. Defendo um código de ética no jornalismo, urgentemente.

Será que veremos outras brigas de adolescentes sendo transformadas em sequestro, estimuladas pela cobertura doentia desta última?

Honestamente, estou de saco cheio (desculpem-me mas o sentimento é esse mesmo) de uma falsa liberdade de informação. E não adianta criticar aqueles programas jornalisticos do mundo cão, porque todos acabaram aderindo a essa onda, até mesmo os noticiários aparentemente sérios.

Será que eses profissionais também não têm filhos, sobrinhos - e não temem por destinos semelhantes em suas famílias? Vejam o que falavam do garoto-assassino: sem antecedentes criminais, conhecido da famíla da vítima, era acima de qualquer suspeita - exatamente o perfil de muita gente que frequenta as casas de todos nós, inclusive dos profissionais da mídia!

Francamente, onde tudo isso vai parar?

Desculpem-me por esta mensagem, mas o assunto estará - certamente, na boca de todos nesta semana, e eu não poderia de deixar aqui meu parecer antecipado.

Abraços fraternais.

João César Pereira Fernandes
São Paulo (SP).

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